quinta-feira, 17 de abril de 2008

O danado do tempo.

O tempo é o amigo cruel de todas as horas, nos tic-tacs que passam e ressoam incessantemente, não dá treguas e nem pede licença para passar. As rugas e os fios de cabelos brancos são amostras sinceras de que passou, se fez, fez, se não fez, equece, porque ele tem um cabresto, rédias e afins, mas não tem quem o guie. Ele é guia de si mesmo e não se permite voltar atras...
O problema é que neste passar incessante e descontrolado, a vida passa junto, e quando vemos...pronto! Já se foi mais não sei quantos anos.
A vida continuou, é verdade...ah, mas tão vazia e besta.
O pior mesmo do tempo é que ele não tem o bom senso de apagar as lembranças que ele mesmo foi construindo enquanto passava e, de certa forma, nem aconselhou que o aproveitássemos. Certo é que ouvimos este tipo de conselho o tempo todo, mas como se aproveita o tempo?
Ainda sinto alguns abraços, todas palavras de carinho que falamos, até as brigas que tivemos. Lembro das noites que dormi no sofá e acordei na cama coberta com todo carinho, e sabia que tinha sido ele, lembro de um monte de coisas boas e ruins... mas não acho que tenha aproveitado.
Já se passaram tanto tempo e ele não pára, e pelo jeito, vai longe, e as lembranças vão continuar me corroendo, me mostrando, dia após dia, que eu fui estúpida, que deixei de amar o suficiente o homem que mais me amou, e pelo óbvio, foi embora sem olhar para trás, que foi embora sem que eu tivesse a chance de me despedir.
Agora, o danado do tempo me joga na cara todos os dias que eu sou patética, que sempre fui, e que jamais terei a chance de concertar tantas coisas bobas que fiz ao longo da vida. Não terei a chance de pedir desculpas, não terei oportunidade de abraçar novamente, nem beijar, nem conversar, nem nada...e ele não pára.
Meus cabelos já estão ficando brancos, daqui a pouco vem as rugas, e assim vai seguindo, o tempo deixando suas marcas, marcando e cutucando e, não terei a oportunidade, nunca mais, de mostrar nem demonstrar tudo que há de mais honesto em mim e, quando tive a chance, a desperdicei com dores de cabeça, com bobagens que passaram, e que eu nem me lembro, e as lembranças que eu gostaria de ter, o tempo não me deu tempo para faze-las.
Ele se foi e levou com ele tudo.
Em memória de meu querido pai!