terça-feira, 25 de março de 2008

A função simbólica



Na verdade não estou muito certa de muita coisa, mas vou me arriscar. Estive pensando muito na função simbólica da linguagem literária, vou citar exemplos mais especificos para que a conversa fique mais centralizada: "A paixão segundo GH" (CL) e "A metamorfose" (FK).
Bom, ambos reduzem a existência humana a uma simples "barata", e o que esta barata simboliza? Vejo claramente uma denuncia afiada da burguesia, todas suas angústias, tristezas, insatisfações e maior ainda, uma verdadeira decepção com a condição de burguês, principalmente na obra de Clarice Lispector.
Os símbolos neste textos tem a função de nos mostrar, mesmo que "escondidinho" uma coisa que não parece fazer sentido: "Como pode uma pessoa com dinheiro, com uma vida material sólida, ou até mesmo, uma pessoa que ainda tem a crença de que se trabalhar muito terá sucesso e crer nisto tão vivamente a ponto de continuar trabalhando e não perceber que não recebe nada em troca, achar que não passamos de insetos rastejantes e asquerosos". É disso que estou falando, ou melhor, que os autores falam.
Esta é a função simbólica através da literatura colocando às claras, mas de maneira deliciosa, o mundo perdido em que vivemos, que o mundo farto e cheio de bens materiais que temos a esperança de ter, não passa de uma ilusão capitalista afim da escravização da mente em prol de ricos que fazem esta lavagem cerebral. O que é melhor nos textos é que podemos tomar isto como ponto de partida para uma coisa maior que é a denuncia total deste sistema falido que muitos ainda depositam fé, é através dela que temos uma pontinha de esperança que as coisas podem mudar.
A compreensão dos símbolos não matam só a curiosidade, mas, a partir de sua compreensão podemos ensinar aos outros o poder da linguagem, como podemos mudar, se não todo, pelo menos parte do sistema.