
Corria atras do ônibus, da comida, do cachorro, do passado.
E o que era aquilo de correr sempre em direção ao oposto, como se não quisesse encontrar? Podia ser medo ou desgosto. Se encontrasse, o que faria com aquilo? Decidiu sem perceber que fingiria tentar conquistar e simplesmente deixaria pra lá.
Na manhã de domingo começou a faxina cedo, penteou o cabelo e, antes do almoço, era hora da feira. Compraria alface, beterraba, uma sandália e talvez garapa, mas não daria tempo. O filho em casa chorava sua falta.
Correu.
Casa limpa, filho alimentado, corpo limpo, corpo desejando. Mas era tudo tão corrido. Já chegaria o amanhã, que era dia de branco. Outra vez as mesmas coisas, que não poderiam ser deixadas para depois. O agora esperaria. Mas o corpo pedia.
Colocou o filho para dormir, chamou uma babá, vestiu-se e saiu.
Com o corpo gritando de sede, bebeu alguns copos de cerveja, dois de caipirinha e uma saidera as quatro da manhã.
Voltando para casa se deu conta que diante da zonzeira, o belo surgia.
2 comentários:
Muito bom!
Ótimo conto, parabéns!
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